terça-feira, 20 de maio de 2014

Aula-fora

Aula-fora

Meio ambiente - De perto é bem mais fácil

Seus alunos se transformam em pesquisadores no contato planejado com a natureza e percebem que ela não é apenas um capítulo do livro didático

Educação Ambiental
(aproveitamento da água da chuva)

Foi um espanto quando as crianças experimentaram a água do mar. "É salgada mesmo!", gritaram. "Mas por quê? De onde vem o sal?" E quando chegaram ao mangue: "Por que a terra é tão escura?" Essas e muitas outras perguntas relativas ao meio ambiente inquietaram, no ano que passou, as classes de 4ª série da rede municipal de ensino de Embu, na Grande São Paulo. A agitação científica foi planejada e as dúvidas tornaram-se o combustível de um extenso projeto, realizado de abril a dezembro. 

A base dos trabalhos foram dados reais, coletados em diferentes ecossistemas no município e no litoral. Ao analisá-los e compará-los, as turmas puderam chegar a preciosas conclusões. Uma delas dizia respeito à extraordinária capacidade da natureza de se adaptar às agressões da poluição.
 
Esse jeito diferente e eficiente de estudar Ciências envolveu o incentivo à investigação, o estímulo ao questionamento, a utilização de recursos além do livro didático e a realização de atividades fora da sala de aula. Tantas novidades só tiveram espaço nas escolas depois de o corpo docente passar por uma capacitação e mudar a forma de encarar o ensino da disciplina.
Em parceria com o Instituto Ciência Hoje, que deu o suporte técnico e pedagógico ao projeto, a prefeitura organizou um curso de formação para toda a equipe, antes de envolver a meninada na investigação científica. 

Terminados os encontros de capacitação, cada professor planejou aulas em locais diferentes. Primeiro ao redor de sua escola. Em um trecho de mata, num lago ou na beira de um córrego, foram organizadas atividades de observação e registro de dados. Os alunos demarcaram áreas em quadrantes, texturizaram folhas e mediram as condições locais, como temperatura e umidade relativa do ar. Para isso, utilizaram instrumentos bastante simples. 

A idéia dos educadores era sempre a de levar a garotada a se enxergar, desde cedo, como parte do meio ambiente. Antes de sair da sala e durante as pesquisas de campo, os professores estimularam nas turmas a formulação de dúvidas sobre fatos da natureza observados ao vivo. No retorno para a escola, os alunos fizeram outras experiências e esclareceram parte das questões com pesquisas em livros, sites e na revista Ciência Hoje das Crianças, editada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Em casos mais específicos, especialistas foram entrevistados.

Primeiros estudos pelo bairro 

Já nas primeiras atividades, os estudantes da Escola Astrogilda de Abreu Sevilha perceberam, por exemplo, que a terra de Embu é avermelhada. Nas próximas aulas-passeio, coletaram amostras do solo para fazer comparações. "Atividades desse tipo exigem conhecimento profundo do que vai ser analisado e muita pesquisa", explica a psicopedagoga Maria Del Carmen, consultora educacional do Instituto Ciência Hoje. "Esse processo é muito rico e não se aprende nos livros." 

A turma da Escola Antônia Augusta Delphina de Moraes observou em uma das visitas que havia plantas aquáticas na beira de um lago. "Eram tantas folhinhas que parecia um campo. A gente quase correu para cima delas, achando que era terra firme", lembra a aluna Talita Feliciano dos Santos. Para descobrir por que aquela vegetação cresce assim, o grupo entrevistou uma botânica. Ela explicou que a planta se alimenta da matéria orgânica presente na água suja. Na escola, mudas coletadas no lago foram colocadas em dois recipientes, um com a água do próprio lago e outra com a da torneira. Na água limpa, as plantas logo morreram. 

Já os alunos da Escola Jornalista José Ramos, numa das regiões mais populosas do município, verificaram que o local onde vivem, antes coberto por mata, está degradado. Numa volta pelo bairro, notaram em um terreno baldio o descaso da população com o descarte do lixo e iniciaram pesquisas sobre o tema. A consolidação dos conteúdos veio a seguir.


Locais diferentes, problemas interligados 
Com o espírito de investigação já incorporado, o grupo se viu preparado para a última fase de levantamento de dados. Todos passaram um dia no litoral paulista, onde cada turma visitou um destino diferente: o Horto Municipal de São Vicente; o Parque Estadual da Serra do Mar, a reserva florestal e o manguezal do Parque Cotia-Pará, em Cubatão; e o Museu de Pesca e o Aquário, em Santos. 

"Apesar da euforia, ninguém assumiu a viagem apenas como lazer porque havia vários problemas para solucionar, comparações a fazer e conclusões a tirar", afirma Maria Del Carmen. "Ao mesmo tempo, em nada se reprimiu a brincadeira, prazer necessário a quem está aprendendo." A coordenadora ressalta que a comparação de dados levantados lá e cá de nada vale se não houver conclusões. É preciso descobrir os porquês. E foi o que as turmas de 4ª série fizeram. 

Os visitantes da mata, no Parque da Serra do Mar, verificaram que a floresta fechada retém umidade. Comparando com os dados coletados anteriormente, viram que na cidade o índice era menor devido ao desmatamento. Alguns trouxeram ao grupo a informação de que a floresta no litoral tinha uma biodiversidade muito maior do que na cidade. 

De volta à escola, eles decidiram juntar material reciclável e trocá-lo por mudas que vêm sendo plantadas para aumentar a área verde do município. Quando soube que alguns fungos mudam de cor de acordo com o nível de poluição, o grupo relacionou a informação ao caso das plantas aquáticas, que se aproveitam dos nutrientes da água suja. 

Em um quadrante demarcado na praia, outra equipe encontrou um caco de vidro e rapidamente conectou esse dado ao lixo observado em Embu. Concluiu que o descaso era o mesmo. A constatação abriu espaço para debates sobre consumo consciente, reciclagem e descarte do lixo. E o projeto de coleta seletiva, que já vinha sendo implantado em toda a rede, ganhou impulso. Na praia, os estudantes realizaram os últimos levantamentos e, é claro, se divertiram à beça. "Na volta, foi interessante ver o entusiasmo em partilhar as experiências com os colegas", lembra Lídia Balsi, coordenadora da equipe pedagógica da Secretaria de Educação de Embu.


Avaliação individual e coletiva 

Os professores fizeram relatórios individuais e coletivos sobre o desempenho dos alunos em cada atividade. Neles, registravam o interesse, o cumprimento de tarefas, a participação no grupo e a assimilação dos conteúdos. Nas reuniões pedagógicas, trocavam essas informações e buscavam estratégias para melhorar o trabalho. Os alunos, por sua vez, produziram portfólios individuais. Como as turmas visitaram ambientes diferentes, o conhecimento foi compartilhado na escola, na forma de quadros comparativos, gráficos, tabelas e também por meio de relatos orais. A interação melhorou o relacionamento entre os colegas e estimulou a leitura e a escrita. A avaliação se concretizou nas feiras de ciências e no encontro entre todos os grupos no final do ano.


Sugestão Plano de Aula:

Caminhada pelo entorno da escola

Objetivos 
-reconhecer a importância de se preservar as áreas verdes para a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente;
-identificar e mapear a presença do verde na escola e em seu entorno.

Conteúdo 
-a ocupação desordenada pelo homem do espaço que ocupa;
-o desrespeito do homem com o meio ambiente;
-a importância da preservação de áreas verdes em espaços urbanos para a melhoria da qualidade de vida.

Ano 4º e 5º

Tempo estimado 5 aulas

Material necessário 
-recortes de notícias atuais sobre mudanças climáticas encontradas em jornais, revistas, artigos da internet;
-croqui da escola e seu entorno, esse croqui pode ser conseguido aqui.
-máquina fotográfica.

Desenvolvimento
1ª aula: Divida os estudantes em grupos e entregue as reportagens. Peça que os alunos leiam e discutam, com base nos seguintes questionamentos:
-O que são mudanças climáticas? Por que acontecem?
-Que conseqüências essas mudanças trarão ao homem?
-Que atitudes o homem pode tomar para amenizar essas mudanças?
-A presença de árvores e áreas verdes pode contribuir para a melhoria do meio ambiente?
Conduza um debate entre os grupos mostrando como o homem se apropria indevidamente do espaço, desmatando áreas verdes e construindo sem planejamento. Saliente a importância de atitudes diárias individuais para a transformação das condições ambientais globais.

2ª aula: Entregue um croqui, para que os estudantes possam mapear as árvores que estão no entorno da escola durante a caminhada, e um questionário, que servirá como roteiro de observação:
-você observa muitas árvores nesta rua?
-em que condições de preservação elas se encontram?
-toda casa possui uma árvore?
-essas árvores são novas ou antigas?
-são árvores frutíferas? você consegue identificar algum morador (pássaro) na árvore?
-qual o benefício que uma árvore traz ao morador que a possui?

3ª aula: 
Este é o momento de sair a campo. Leve os estudantes para fora da escola, caminhe por todo o entorno, percorrendo ruas e parando sempre que encontrar uma árvore para que eles possam realizar o registro e mapear a localização das árvores no croqui.
Durante o trajeto, fotografe os estudantes trabalhando, a paisagem e árvores observadas.

4ª aula: De volta à sala de aula, abra um círculo de debate. Deixe que contem o que acharam da caminhada e das árvores que encontraram. Faça no quadro um registro da observação do coletivo, anote as possíveis sugestões que surgirem.

5ª aula: Faça um painel com as fotos tiradas e o registro coletivo. Ele servirá de ponto de partida para ações futuras.

Avaliação Divididos em grupos, os estudantes deverão confeccionar cartazes sobre o que aprenderam em relação as questões ambientais e a ação humana.Deverão fixarem nos murais da escola com a finalidade de sensibilizarem os demais estudantes.
Consultoria: Silmara Maria Cruz Paiva
Professora de Geografia
fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/meio-ambiente-426106.shtml
http://revistaescola.abril.com.br/geografia/pratica-pedagogica/caminhada-pelo-entorno-escola-427492.shtml
imagem: http://colegiogaspar.com.br/
                                                                                    

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